20071219










O espetáculo

A Téspis Cia. de Teatro apresenta sua versão do mito de Medéia organizado num espetáculo ritualístico, em forma de monólogo. A tônica de Medéia é o amor transformado em ódio sobre-humano. A peça evolui de uma Medéia abatida pelo repúdio do marido, esposa traída que definha no leito, aparentemente conformada com a sorte, para uma mulher animada por um terrível desejo de vingança e extermínio, que não se detém diante do infanticídio para aniquilar completamente o marido.




Ficha Técnica

Dramaturgia criada livremente a partir da tragédia de Eurípedes
Com: Denise da Luz
Dramaturgia e direção: Max Reinert
Figurinos: Denise da Luz e Vilma Costa da Luz
Iluminação e Sonoplastia: Max Reinert
Sonoplastia mixada nos estúdios Bob Rock Music
Cenário: Denise da Luz e Max Reinert
Confecção do Boneco: Max Reinert e Jason Peixer Jr
Produção: Téspis Cia. de Teatro


Release

"Medéia" é o nono espetáculo da Téspis Cia. de Teatro, na continuação de seu trabalho sobre a ação física, a partir de pressupostos desenvolvidos por vários estudiosos e pela Periplo, Compañia Teatral de Buenos Aires, Argentina.

Versão da tragédia originalmente escrita por Eurípedes (485 a.C. - 406 a.C.), para um elenco de no mínimo 08 pessoas, é levada ao palco pela Téspis Cia. de Teatro como um monólogo onde a atriz explora esta situação de tensão emocional violenta. A tônica de Medéia é o amor transformado em ódio. A peça evolui de uma Medéia abatida pelo repúdio do marido, esposa traída que definha no leito, aparentemente conformada com a sorte, para uma mulher animada por um terrível desejo de vingança e extermínio, que não se detém diante do infanticídio para aniquilar completamente o marido."

Estreou em maio de 2002 durante a programação da 2ª Mostra Internacional de Teatro de Grupo e 6ª Mostra Itajaiense de Teatro realizadas em Itajaí, SC e fez temporada no "Espaço Téspis" durante o mês de agosto do mesmo ano. Participou dos seguintes eventos:

- Projeto Teatro Para Todos realizando apresentações na periferia da cidade de Criciúma, SC, em 2002.
- Festival Nacional de Teatro de Florianópolis Isnard Azevedo, em 2002 (Prêmio de Melhor Cenografia e indicações para Melhor Iluminação e Figurino).
- Teatro Em Cena III, realizado na cidade de Passo Fundo, RS pelo SESC-RS, Rbs TV-RS e Universidade de Passo Fundo, em 2003.
- 13º FECATE - Festival Catarinense de Teatro em Criciúma, em 2003.
- FESTUDO - Festival Nacional de Teatro Universitário em Dourados, MS, em 2003.
- 28º FESTE Festival Nacional de Teatro de Pindamonhangaba, SP em 2004 (Prêmio de Melhor Espetáculo, Direção, Cenografia e Sonoplastia e indicações para Melhor Atriz, Iluminação e Figurino).
- FENATA – Festival Nacional de Teatro de Ponta Grossa, PR, em 2004 (Prêmio de Melhor Direção e Cenografia e indicações para Melhor Espetáculo, Atriz e Iluminação).
- Projeto Itajaí Em Circuito – em Tubarão, Rio do Sul, Criciúma, Laguna, Lages, Chapecó, Brusque e Concórdia, SC em 2005.
- Teatro em Cena V, realizado na cidade de Passo Fundo, RS pelo SESC-RS, Rbs TV-RS e Universidade de Passo Fundo, em 2005.
- Aniversário da UPF Lagoa Vermelha, na cidade de Lagoa Vermelha, RS em 2005.
- Convidado para participar do Encontro Internacional de Estudos Clássicos, em Ouro Preto, MG, em 2004.
- 12º Porto Alegre Em Cena, RS, em 2005.
- 20º FESTIVALE – Festival Nacional de Teatro do Vale do Paraíba, em São José dos Campos, SP, em 2005 (Prêmio de Melhor Cenografia, Iluminação e Sonoplastia e indicações para Melhor Direção).
- 1º K-yau em Cena - Festival Nacional de Teatro de Araçuaí, MG, em 2006.
- 1º Fentepira – Festival Nacional de Teatro de Piracicaba, SP em 2006.
- Temporada em Portugal, apresentando-se em 04 cidades da região do Minho (Braga, Póvoa do Lanhoso, Esposende e Fafe) em 2008.
- 1º Vértice Brasil - Fpolis, SC em 2008.


O que já se disse





Espetáculo que prima pela síntese, coesão, harmonia, equilíbrio e absoluta precisão. (...) A atriz tem uma brilhante atuação, presença forte digna da personagem, voz com emoção contida, harmonizando-se assim, com todos os elementos sacralizadores da encenação. Porque a escolha de cada elemento revela a pesquisa intensa e minuciosa. Nada é aleatório, nada é improvisado. Enfim, qualquer gesto, qualquer expressão da voz, qualquer elemento utilizado foi objeto de uma escolha consciente, já que cada detalhe foi sendo depurado, evoluindo para a síntese de sua expressão. Em resumo, a montagem cumpriu seu objetivo: é um espetáculo pleno de teatralidade.

Valderez Cardoso
Mestre em Artes Cênicas pela USP. Trabalhou como dramaturgista com Antunes Filho (1979 a 1987) e como dramaturgista e dramaturga com Ulisses Cruz (1984 a 1996).


(...) Denise da Luz entra em cena, protegida por uma mandala e nesse solo sagrado e ritualístico nos envolve no seu véu mágico do começo ao fim da peça. Orientada por uma direção precisa, o espetáculo resulta num excelente trabalho, provando que pode haver harmonia entre percepção e concepção. (...)

Sérgio Ferrara
Ator e diretor, fundador do grupo Arte do Boi Voador e da Cia. de Arte Degenerada. Trabalhou com o CPT, dirigido por Antunes Filho e também com a Jornada SESC de Teatro.


O espetáculo apresentado pela Téspis Cia. de Teatro é quase uma desconstrução da “Medéia” de Eurípedes. Desconstrução no sentido de demolir o acúmulo de interpretações que, ao longo dos séculos, foram se aglutinando em torno da fábula e a enchendo de conteúdos psicológicos. (...) a ação dramática se passa em espaço adequado: o do ritual, que se manifesta em mandala, como é o pensamento arcaico, ambiente do modelo primal. Isso foi realizado com imaginação, mínimos recursos e muita beleza.

Sebastião Milaré
Dramaturgo e Crítico de Teatro.Atualmente prepara Hierofania, os fundamentos e a descrição do método para o Ator desenvolvido por Antunes Filho.


"... Com sua adaptação do original de Eurípides, (embora não seja a primeira entre nós – algumas já fizeram história, pela qualidade) nome sagrado da tragédia grega, dificilmente o jovem Max Reinert receberia bons conceitos nas universidades tradicionais – professores de literatura teatral e teatro grego (e outros mais) ficam tomados de urticária moral, quando alguém se atreve a alterar os textos originais sagrados, como os rabinos com o Torá e os bispos com a Bíblia.

Não levando em consideração, aparentemente, nem doutores, nem teólogos das purezas instituídas, o moço conseguiu fazer uma adaptação digna de respeito, mantendo os posicionamentos básicos de Eurípedes e fornecendo à figura de Medéia, seu contorno primordial, Reinert trabalhou exclusivamente para a “concretude do palco”, como diria o intelectual Álvaro Lins, quando se iniciava a “modernização” do teatro brasileiro. E marca, positivamente, a presença de criador, no Festivale.

(...) Denise da Luz interpreta sua Medéia com admirável inteireza e grande expressividade. Envolta no longo manto tecido por suas próprias mãos na espera de mulher apaixonada, a princesa não demora em se deixar possuir pela fúria do ódio que, sob inspiração dos deuses invocados, vai cumprir a terrível vingança. Suas vítimas primeiras são seus filhos, afogados à nossa frente (contrariando o ritual do teatro grego que proíbe a morte em cena). Então, a tragédia ganha uma brisa de drama."

Fausto Fuser (Diretor, Crítico de Teatro e Pesquisador.)


"Medéia dá um nó na garganta do público [12/09]

Apesar da chuva e do vento que antecederam o temporal de sábado (10), a platéia do Teatro de Arena quase lotou em um dos primeiros espetáculos do 12º Porto Alegre em Cena. (...) A atriz entra em cena protegida por uma mandala. Tochas acesas, areia molhada e espaço delimitado por um círculo de fogo foram alguns dos elementos que contribuíram para a linguagem ritualística utilizada durante o monólogo que prendeu a atenção do público (...)e contou com a intensa carga emocional da atriz, que não se poupou para vivenciar a esposa traída com desejo de vingança. Ela explora a situação de tensão emocional violenta, com uma presença forte digna da personagem, repleta de raiva e rancor.

Soluções como deitar no chão, envolver-se em um véu, sujar-se na areia, falar diretamente com a platéia foram as formas encontradas para a atriz utilizar todo o espaço do palco. A montagem é um espetáculo pleno de teatralidade. Nada é aleatório, nada é improvisado. Gestos, expressão do corpo e da voz têm um sentido que vai sendo depurado.

Os filhos de Medéia são representados por uma boneca com a qual a atriz interage. O clima da peça é tenso. Volta e meia, a platéia se assusta com uma ação brusca, como um vaso de cerâmica estraçalhado no chão, em meio ao silêncio.

A tragédia se consolida no momento em que Medéia mata os filhos, transcendendo o instinto maternal para aniquilar completamente o marido. Com um nó na garganta, o público aplaudiu de pé."

Editoria do Jornal Já
Porto Alegre, RS





"O monólogo de Medéia
A cidade grega era um anfiteatro onde a liberdade podia aparecer, e as ações da personagem de Eurípides podem ser vistas nessa esfera política

Está em cartaz, na cidade, Medéia, encenada pelo grupo Téspis. Já havia assistido à peça em 2004, em Itajaí, e muito me impressionou o trabalho de Max Reinert, em sua proposta de adaptação da tragédia de Eurípides, em forma de monólogo, e a performance de Denise da Luz. Assisti novamente nesta temporada. As pequenas modificações que fizeram só melhoraram o que já era muito bom. Poderia soar estranho àqueles familiarizados com o drama grego a alteração de uma tragédia, de tal modo que o diálogo tenha-se transformado em monólogo, mas reside, aqui, a meu ver, o ponto-chave, que, aliado a outras opções de roteiro e cenário, produziu um resultado consistente, bonito e arrojado.

O mito de Medéia é anterior a Eurípides, mas foi ele quem lhe deu sua identidade canônica, no texto encenado em 431 a.C., em Atenas, e que se tornou referência primeira para outros escritores e diretores (e, também, uma pedra no caminho dos filósofos). (...) A existência de tantas e tão variadas releituras da estória dessa lendária mulher suscita a interrogação: por que sua permanência no mundo contemporâneo? Em parte, a meu ver, o dilema moral de Medéia propicia uma investigação radical sobre o significado estético e ético da trágica condição humana, da Grécia clássica ao mundo contemporâneo. Foi, ao se concentrar nesse dilema, que o grupo Téspis achou seu caminho, e nos propicia, além da ocasião de visceralmente experimentar terror e piedade, estabelecer um diálogo com a tradição e refletir sobre ela.

(...) Esse dilema de Medéia, pesando as duas possibilidades de ação e sabendo que as duas soluções são trágicas, foi o que o Grupo Téspis realçou na sua encenação minimalista. Por um lado, Denise sustenta muito bem suas falas, em uma ótima seleção da escritura de Eurípides; por outro, a simplicidade e a significância do cenário não deixam espaço para distrações: apenas um boneco, um punhal e o círculo de areia, onde Medéia busca reencontrar seu centro. Note-se, ainda, o jogo com a luz de velas e o círculo de fogo, remetendo ao Sol, seu poderoso ancestral, e, por fim, a pouca, mas adequada utilização da água, da areia e da rede/véu remetendo às metáforas marítimas e nupciais exploradas por Eurípides.

(...) Nada disso se perde na transposição para o monólogo, dentro do formato do teatro de arena: a música bem escolhida e os blecautes nos momentos certos deixam à nossa imaginação o que não precisa ser visto, como ocorria no palco grego. Por fim, o grupo foi muito feliz não explorando o estereótipo da feiticeira, da fêmea irracional, tampouco da Medéia-feminista, muito encenado nos anos 1970.(...)

Em geral, adaptações ou releituras mais ousadas de tragédias gregas foram feitas no cinema. (...) Em nenhuma delas se buscou uma fidelidade ingênua e escolar ao texto de Eurípides. Max Reinert e Denise da Luz também souberam dialogar com Medéia e convidar-nos a participar do ritual sem deixar de refletir sobre o dilema e as conseqüências últimas de se defender valores tão gregos como o de "dignidade" e "cidadania" (basta lembrarmos o próprio suicídio de Sócrates).

(...) e esta é uma das razões para se assistir ao monólogo do grupo Téspis, que é, na verdade, um diálogo do indivíduo consigo mesmo, deliberando sobre a ação - terrível! - que decide executar.

Maria Cecília de Miranda N. Coelho
Doutora em Letras Clássicas (USP), com tese sobre Filosofia e Retórica em Eurípides. Professora no Programa de Grego Antigo on line, no Cogeae-PUC/SP



Necessidades Físicas

Versão Arena:
- Espaço fechado com as seguintes dimensões mínimas : Largura : 07 mt, Profundidade: 07 mt, Altura: 04 mt + espaço para a platéia organizada em “arena” e 01 Camarim, possibilidade de black-out.
- Equipamento de Sonorização com: Cd ou Md Player, quatro caixas potentes.
- Equipamento de iluminação : 16 refletores PC de 1.000W, 10 refletores Elipsoidais de 1.000W.
- Tempo de montagem: 05 horas.
- Material para ser utilizado em cena: areia para cobrir o espaço de representação (aproximadamente 150Kg), barro vermelho (aprox. 30kg) 01 litro de álcool (96o) por apresentação, linóleo preto.
Versão Palco Italiano:
- Palco de, no mínimo, 09mt de largura x 09 mt de profundidade e 04mt de altura.
- Equipamentos de som e iluminação compatíveis com o tamanho do palco.
- Duas varas para fixação de cenário

Equipe técnica:
Composta por 03 pessoas (01 atriz e 02 técnicos)